
Numa cena notável, é com a distância acrescida de um despedimento via video-conferência que Clooney e a sua imatura estagiária mais se apercebem da angústia e fragilidade que a sua acção desencadeia. Como se na virtualidade tivessem um lampejo de realidade...de tão primárias são as emoções retratadas. De resto o filme é também um retrato cínico das virtudes das estratégias de motivação empresarial que querendo envolver, alienam. É um tema com um forte eco no pós sub-prime em que vivemos!
As interações que a personagem principal estabelece com as personagens secundárias (bem vincadas sem serem bonecos ou caricaturas) faz com que ele se vá conscencializando de algumas lacunas na sua vida e vislumbre um novo rumo para a sua existência desalmada. Fá-lo gradualmente e sem epifanias. Mas o ponto de viragem, já com a "felicidade" no horizonte, é cru e precipita o filme para um fim amargamente irónico.
A história não "arredonda" a sua moral com a apologia redentora da família. É na relação que temos connosco próprios que reside um eventual "propósito de vida". Assim, o vazio pode existir numa vida de permanente exílio como num ambiente familiar. Parece ser essa a premissa dramática com a qual, de resto, me identifico plenamente. A metáfora das núvens isso transmite: é um estado de espírito.
É raro, mas que bom saber que um filme limpinho e formulaico nos possa trazer questões tão substanciais! Sem lamechices nem manipulações.
Comentários
Parabéns pela crítica!
Gostava apenas de divulgar (se me permitem) que no próximo dia 18 de Fevereiro, às 21h30, vai estar na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira, o escritor e guionista Manuel Arouca para uma conversa sobre os seus livros e o processo criativo da escrita de guiões para televisão.
Se quiserem saber mais, por favor, consultem o blog da Biblioteca em http://bibliotecasjmadeira.blogspot.com/ ou liguem para 256 200 890.
Obrigada pela v/ atenção.
A equipa da Biblioteca Municipal