Quatro técnicas em particular foram, para ele, centrais neste paradigma estilístico:
1) Montagem crescentemente rápida: entre 1930 e 1960 cada filme de Hollywood continha um nº médio de planos entre os 300 e os 600. O que dava uma duração média por plano entre os 8 e os 11 segundos. Em 2000 um filme como Almost Famous tinha já 3,8 segundos por plano, a título de exemplo.
2) Extremar das distâncias focais escolhidas: a continuidade tem crescentemente sido intensificada também pelo uso polarizado de objectivas e respectivas distâncias focais para ênfase visual permanente da ação. Um dos marcos nessa evolução foi, por exemplo, o filme de Arthur Penn “Bonny and Clyde” no qual foram utilizadas uma gama de lentes entre 9,8mm e 400mm.
3) Escalas mais apertadas em cenas de diálogo: o uso privilegiado de two shots em plano americano dos anos 30 aos 60 foi gradualmente substituido por single shots geralmente planos médios ou grandes planos.
4) Câmara mais flexível e móvel: os tecnicismo dos tracking shots precisos deu lugar à instabilidade da câmara como elemento constante de ligação emocional à realidade filmada.
Alguns dizem esperançosamente que é sintoma de mais apreço pela inteligência e complexidade e que, dos financiadores aos feitores, se vai assim de encontro a maiores níveis de literacia e sofisticação das plateias.
Os mais pessimistas dizem do cinema contemporâneo levar obcecadamente o público a sentir a acção e não necessariamente a vivê-la. E que esta estratégia de apelo intensificado (necessariamente capitalista) reduziu os ciclos de atenção do público ao ponto de uma atention deficit disorder global.
Alinho claramente com esta última e pessimista tese.
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