Avançar para o conteúdo principal

Convidado de Honra nº 5 - Jorge Vaz Nande e "As Portas"



Jorge Vaz Nande é colaborador das Produções Fictícias, onde, entre outras funções, gere os conteúdos do blog da empresa. É argumentista da empresa de conteúdos "Bode Expiatório". Fala-nos de várias questões relacionadas com o cinema e guionismo e, em particular, do seu último e original projecto "As Portas".

Na tua colaboração com o Bode Expiatório: o trabalho que fazes tem sido feito sobretudo em equipa?
Sim, num processo de colaboração e discussão que muitas vezes se estende da equipa criativa até às de produção e artística.

Quando trabalhas em equipa, como se gerem diferentes sensibilidades? Quando várias ideias estão na mesa qual costuma ser o processo de decisão?É primordial que os participantes num brainstorm se dêem bem e tenham respeito mútuo pelas ideias de todos. A partir daí, a discussão das soluções criativas faz-se de comum acordo, tendo em conta a sua exequibilidade e eficácia.

Existe alguma hierarquia criativa ou todas as vozes são iguais?
Todas as ideias boas são postas em prática, venham elas de quem vierem.

O mercado de trabalho para guionistas como tem evoluído?
O surgimento no mercado de certos canais de cabo com programas sem argumento é um dos maiores incentivos ao reconhecimento da necessidade de argumentistas.

A técnica da escrita é algo que se interioriza e se torna segunda natureza, ou relembrá-la é ainda, para ti, uma necessidade?
O domínio da técnica, que vai do software informático próprio até ao conhecimento dos princípios da progressão dramática, é o que distingue um verdadeiro argumentista de um simples diletante, tal como em todas as profissões: eu posso conseguir resolver um problema no motor de um carro, mas se desconhecer o nome e funcionamento interno dos componentes, não souber usar ferramentas próprias e não for actualizando o meu conhecimento à medida que vão saindo novos modelos de automóvel, nunca serei um verdadeiro mecânico.

Dá-me um ou dois filmes da tua vida.
"Talk Radio"



O teu projecto As Portas: fala-nos um pouco dele.
"As Portas" foi um desafio de escrita e de produção. Qual a estrutura de uma série interactiva? Como se alia a progressão das personagens à possibilidade de o espectador construir a própria narrativa? Um projecto em que todos deram o máximo e, em tempo recorde, fizeram um excelente produto audiovisual.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"A Gaiola Dourada" e a Celebração do Cliché

Há, no filme “A Gaiola Dourada” um geunino carinho de Ruben Alves pelo estereotipo. Ele próprio faz da sua aparição no filme uma afirmação de caricaturalidade. É próprio de alguém bastante inteligente (e/ou esperto) que não quis de todo alienar públicos-alvo e, muito menos, produzir qualquer desconforto na sua comunidade de origem.  Mas também alguém que tentou consciente e integramente ordenar e pôr em jogo uma constelação de ideias e imaginários com que sempre conviveu. Lembrei-me de uma citação de Umberto Eco em torno de Casablanca (salvaguardando as devidas diferências de peso entre os filmes): " Casablanca não é apenas um filme. É muitos filmes, uma antologia [...] Dois clichés fazem-nos rir. Cem clichés tocam-nos. Porque sentimos que eles estão, de alguma forma, a falar entre eles e a celebrar uma reunião" . "A Gaiola Dourada" é uma sublimação da vida que dispensa profundas escavações sociológicas para fixar e ao mesmo tempo relativizar, de um

Alguns dos Filmes da Minha Vida nº 5 - Um Homem Singular

Neste soberbo filme um requintado formalismo, próprio de um fotógrafo/estilista, encontra-se com uma rara humanidade e profundidade da história e das personagens. Há "quadros" absolutamente maravilhosos, um festim sensorial, mas também momentos de pura intuição e sensibilidade. É essa sensibilidade que faz que o exercício estilístico não se sobreponha à pungente magia do seu drama. A subtileza que nos enleia com perfeição (na música e na fotografia, por exemplo) num dia de terminal angústia...a mesma subtileza que eleva Colin Firth a uma interpretação histórica, perfeita! Subtileza que Hollywood detesta: um ano depois premiaram-no pelos seus maneirismos, sempre ao gosto do tio Óscar, no anódino "Discurso do Rei"... É um filme extraordinário ao qual voltarei muitas vezes no futuro!