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A mostrar mensagens de março, 2013

Entrevista à Le Cool sobre a estreia de "Estórias"

É já dia 1 de Abril às 21:30 (São Jorge 1) que estreia o meu novo filme: Estórias http://www.facebook.com/estoriasofilme Falei sobre ele e vários outros assuntos com Rafa, da Le Cool. a primeira vez que falámos, o cinema preenchia uma parte importante da tua vida, mas surgia acessório. Neste momento, uns quantos anos passados por tabela, já se te assume a função de realizador.  Conta-me lá este teu percurso cinemático.  Para alguns, à arte deve estar anexa uma pureza desinteressada, uma espécie de glorificada diletância precária. Eu acredito profundamente no artista profissional e tenho investido séria e disciplinadamente em aprofundar a minha relação com o cinema para que dele possa um dia viver. Poderei morre a tentar mas morrerei feliz.  Depois de " N atália - a Diva Tragicómica", surges com um segundo filme, o "Estórias", onde acompanhas quatro pessoas - não personagens, talvez - relacionadas a Lisboa de uma forma bastante diversa. Que "Estórias

Música Narrativa nº 7 - "Última Hora" de Spike Lee, OST de Terence Blanchard

Foi das mais referências culturais ao 11 de Setembro feitas mais a quente, esta obra-prima que anexou a perda do seu protagonista, um traficante de droga no seu último dia de liberdade, ao desnorte da nação americana. Não é dispicienda esta referência. Estavam os EUA aturdidos e a ferida acabadinha de abrir. Palpita-me que esse ímpeto Spikeano (o mesmo que o levou a documentar New Orleans pouco tempo depois do Katrhina) e a ausência de distanciamento histórico são, curiosamente, os seus ingredientes mágicos. Assim, Spike Lee assume desde o início do filme a sua sobrecarga emocional. O filme segue num registo transbordante e trágico que se entranha e não mais larga nem o deixa respirar e em que esta peça de Terence Blanchard é central. Está em loop por todo o filme e disfarçado inclusive na sua diegese e ,com ela, paira um destino traçado e a profundidade das mágoas e culpas de Monty (Edward Norton) aqui está o seu pico dramático: The Last Walk É das coisas mais tristes e ten

Notas Soltas - "E a Vida Continua" de Abbas Kiarostami

E a Vida Continua - Abbas Kiarostami, 1992 Por diversas ocasiões neste filme balançamos entre as subjectividades, do filho e do pai, e planos muito gerais que apequenam. Vejo neste dispositivo o elemento de humanidade documental que torna os seus filmes tão únicos. Entre a composição e a realidade está o seu território emocional. Várias vezes me lembrei, a este propósito, de Close-Up, um dos meus filmes preferidos. No plano final (também ele muito geral) está um exemplo genial de um minimalismo que maximaliza. Um pequeno nada que muito diz. Sensibilidade e talento de mão bem apertada!

Cenas da Minha Vida nº 6 - Cena Final de Chinatown

De Chinatown diz-se ser o melhor dos guiões (canónicos) de todos os tempos. Desde o estabelecimento do tom e ambiência - uma LA minuciosamente seca e desolada - à exposição e gestão da informação - milimétrica  - passando pela composição das personagens e progressão da acção - todas as cenas concorrem para ambas o que, de acordo com a fórmula, é o que se quer. Mas apesar do genial argumento de Robert Towne é o próprio Roman Polanski que fugindo às pretensões de happy ending do produtor escreveu esta cena final que marca, com o seu quintessencial cinismo, o filme e verdadeiramente o catapulta para a eternidade. Depois de uma longa investigação percebemos que Chinatown é, no final, um estado de espírito, um lugar obscuro, macabro, e ininteligível da alma humana que nem um investigador policial consegue realmente prescrutar. É, curiosamente, um elemento de ambiguidade que estabelece a intemporalidade do filme e que, paradoxalmente, dá asas e dimensão à perfeição de relojoeiro do arg