Entre Bush e Obama! O que tem The Wire de tão Especial
Dizem ser a série preferida de Barack Obama, o que só diz bem da sua natureza. Se Bush tinha alguma preferência não deveria andar longe do “Walker, o Ranger do Texas” (para baixo). Este facto podendo parecer fait diver é, para mim, quase uma confirmação – se dúvidas existissem sobre o enorme upgrade de carácter e riqueza de olhar injectados na Casa Branca…do palhaço para quem tudo é preto ou branco ao homem que tem profundo conhecimento dos cinzentos e respectivas gradações.

O enfoque da série é estrutural. Tenta mostrar como as instituições constrangem comportamentos pessoais mas também como certas opções individuais podem alterar jogos de poder. Tudo muito orgânico e intrincado.
Mapeiam-se redes interpessoais com uma minúcia impressionante. Vemos um enorme e brutalmente realista sistema de vasos comunicantes e ficamos banzados com o arbítrio das circunstâncias que, na realidade, ditam as nossas vidas.
É uma série chata! Indigesta para quem nela não mergulha. Como poucas séries o conseguiram, rompe uma série enorme de formatações televisivas: as personagens são muitas, anti-glamour e anti-heroicas, tão idealistas quanto mesquinhas; apesar de crua a violência é ostensiva e pouco explorada; não tem um claro protagonista; as personagens são postas na ribalta e afastadas abruptamente (como Mcnulty na 4ª série) - a narrativa e personagens sempre ao serviço do gigantesco projecto de análise sócio-política que esta série representa,sempre ao serviço da estrutura.
É uma série tão cínica quão comovente e honesta. Uma personagem (não me lembro qual) fala do caldeirão USA como “the american experiment”. É uma frase ambivalente que sintetiza, de algum modo, o espírito de toda a série: fala da sedução da vertigem americana mas com desencanto, sem tréguas nem redenções ingénuas. Uma pequena/grande vitória é sempre seguida de novo e perturbante desafio. A lógica política é de paliativos e impotência. Uma ecologia urbana de frágeis equilíbrios e tensões étnicas e de classe.
Neste sentido há tanto de americano como de global em The Wire. A propensão cíclica e estrutural para a convulsão – algo de estrutural na cidade americana e global.
Dizem ser a série preferida de Barack Obama, o que só diz bem da sua natureza. Se Bush tinha alguma preferência não deveria andar longe do “Walker, o Ranger do Texas” (para baixo). Este facto podendo parecer fait diver é, para mim, quase uma confirmação – se dúvidas existissem sobre o enorme upgrade de carácter e riqueza de olhar injectados na Casa Branca…do palhaço para quem tudo é preto ou branco ao homem que tem profundo conhecimento dos cinzentos e respectivas gradações.

O enfoque da série é estrutural. Tenta mostrar como as instituições constrangem comportamentos pessoais mas também como certas opções individuais podem alterar jogos de poder. Tudo muito orgânico e intrincado.
Mapeiam-se redes interpessoais com uma minúcia impressionante. Vemos um enorme e brutalmente realista sistema de vasos comunicantes e ficamos banzados com o arbítrio das circunstâncias que, na realidade, ditam as nossas vidas.
É uma série chata! Indigesta para quem nela não mergulha. Como poucas séries o conseguiram, rompe uma série enorme de formatações televisivas: as personagens são muitas, anti-glamour e anti-heroicas, tão idealistas quanto mesquinhas; apesar de crua a violência é ostensiva e pouco explorada; não tem um claro protagonista; as personagens são postas na ribalta e afastadas abruptamente (como Mcnulty na 4ª série) - a narrativa e personagens sempre ao serviço do gigantesco projecto de análise sócio-política que esta série representa,sempre ao serviço da estrutura.
É uma série tão cínica quão comovente e honesta. Uma personagem (não me lembro qual) fala do caldeirão USA como “the american experiment”. É uma frase ambivalente que sintetiza, de algum modo, o espírito de toda a série: fala da sedução da vertigem americana mas com desencanto, sem tréguas nem redenções ingénuas. Uma pequena/grande vitória é sempre seguida de novo e perturbante desafio. A lógica política é de paliativos e impotência. Uma ecologia urbana de frágeis equilíbrios e tensões étnicas e de classe.
Neste sentido há tanto de americano como de global em The Wire. A propensão cíclica e estrutural para a convulsão – algo de estrutural na cidade americana e global.

Comentários