Avançar para o conteúdo principal

Paradise Omeros de Isaac Julien - que surpresa!







Passei esta semana pelo Guggenheim de Bilbao. Fiquei impressionado pela dimensão e escolhas artísticas do museu. Mas houve uma instalação de video de um senhor chamado Isaac Julien que me impressionou imenso! Não mais deixei de pensar no filme e assim que regressei googlei-o furiosamente!

O filme de 20 minutos baseia-se num poema épico de Derek Walcot que teve, como o nome indica, inspiração no trabalho de Homero. O filme faz pois a associação da epopeia clássica às marcas emocionais de um percurso de emigração introduzindo uma intrincadíssma sucessão de alusões sóciais e étnicas num fundo de associação de imagens e memórias. Mergulhamos num jogo de mistérios e intriga emocional com associações espontâneas e imagética subconsciente. É uma abstração profunda e sedutora que nos suga e maravilha.

Isaac Julien é conhecido por ter desde o início da carreira o desígnio de desconstruir barreiras entre as diversas formas artísticas, conjugando-as ao serviço da narrativa visual. A negritude e identidade gay são os eixos problemáticos do seu trabalho. Tem como principal reconhecimento o prémio da Semaine de la Critique de Cannes em 1991.

A sua filmografia:

Fantôme Afrique (2005)
True North (2004)
Radioactive (2004)
Baltimore (2003)
Lost Boundaries (2003)
Paradise Omeros (2002)
Vagabondia (2000)

consultem o seu trabalho em http://www.isaacjulien.com


Deixo-vos com uma crítica bem detalhada do New York Times e com uma versão (ultra) redux deste fascinante objecto.

http://www.nytimes.com/2003/07/11/movies/art-in-review-isaac-julien-paradise-omeros.html

http://www.lumeneclipse.com/gallery/04/julien/index.html

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Convidado de Honra nº 5 - Jorge Vaz Nande e "As Portas"

Jorge Vaz Nande é colaborador das Produções Fictícias, onde, entre outras funções, gere os conteúdos do blog da empresa. É argumentista da empresa de conteúdos "Bode Expiatório". Fala-nos de várias questões relacionadas com o cinema e guionismo e, em particular, do seu último e original projecto "As Portas". Na tua colaboração com o Bode Expiatório: o trabalho que fazes tem sido feito sobretudo em equipa? Sim, num processo de colaboração e discussão que muitas vezes se estende da equipa criativa até às de produção e artística. Quando trabalhas em equipa, como se gerem diferentes sensibilidades? Quando várias ideias estão na mesa qual costuma ser o processo de decisão? É primordial que os participantes num brainstorm se dêem bem e tenham respeito mútuo pelas ideias de todos. A partir daí, a discussão das soluções criativas faz-se de comum acordo, tendo em conta a sua exequibilidade e eficácia. Existe alguma hierarquia criativa ou todas as vozes são iguais? Todas as i...

Alguns dos Filmes da Minha Vida nº 7 - Unbreakable de M.Night Shyamalan

Um dos filmes da minha vida! Character study realista e mitológico - o ponto alto da matriz do seu realizador. Permanece, desde o seu visionamento no cinema, uma dúvida no meu espírito, que me perturba quando ainda hoje o revejo. Talvez esteja aí um dos motivos mais profundos do meu fascínio O protagonista do filme é obviamente o pai e é o seu percurso de descoberta identitária o foco central do filme. Mas assombram-me as consequências identitárias que a descoberta do estatuto de herói projecta no filho, tema naturalmente não explorado no filme.  Ao natural, e próprio da infância, endeusamento do pai a criança, na sua busca de um espaço vital, vai no processo de formação da sua personalidade tentar deseroicizar e desmistificar a figura paterna para encontrar e construir a sua identidade. Esse processo é neste caso subvertido pela “realidade” do pai-herói. O futuro identitário do rapaz é das questões ocultas que mais me inquieta quando revisito Unbreakable . Como vai a cria...

O Referente de Cavaleria Rusticana - de Scorsese a Coppola

Cavaleria Rusticana é uma peça musical de Pietro Mascagni, estreada em 1890 no Teatro Constanzi em Roma, e baseada num peça escrita por Giovanni Verga. Foi a ópera que disseminou o mito do cavalheirismo rústico dos sicilianos. Uma história de ciume e vingança passada entre os camponeses da Sicília.  Fala de honra, duelos, vendettas.  Foi porventura das primeiras referências culturais ao tal espírito siciliano que mais tarde vieram simplistica e de forma generalista a associar à máfia. A palavra "mafia" deriva do adjectivo siciliano mafiusu, como raízes no árabe mahyas, que significa "alarde agressivo, jactância" ou marfud, que significa "refeitado". Traduzido livremente significa bravo. Desde a sua composição e exibição que vários autores, sobretudo sociólogos, trataram de desconstruir os  pejorativos lugares comuns de cavalheirismo rústico que a ópera corporizou. Mas será sempre uma peça musical que arrasta consigo um referente muito forte que ne...