
Só uma firme paixão e convicção pessoais podem levar uma pessoa a criar de raiz, contando apenas com a sua firmeza, uma revista online de cinema. A Take celebrou em 8 de Fevereiro um ano de existência e vem gradual e solidamente ganhando o seu espaço junto dos leitores cinéfilos online. Hoje, cerca de 10.000 pessoas visitam a Take todos os meses e distribuiu já, na sua curta existência, mais de 1000 convites duplos para o cinema. O seu fundador fala-nos da sua motivação, dificuldades e votos para o futuro.
Explique-nos o processo de criação da Take. O que o motivou? Que dificuldades encontrou?
A Take surgiu com a intenção de “dar cinema”. Em Setembro de 2007, com a notícia do final da Premiere, senti o impulso e o desejo de não deixar morrer uma publicação sobre esta arte que tantas emoções nos traz. Decidi então criar uma revista com os meios de que dispunha. Juntei uma equipa que partilhava esse ideal e partimos à aventura. Tratava-se de levar às pessoas, gratuitamente, um trabalho feito com respeito, dedicação e sempre com a maior paixão pelo cinema.
A maior dificuldade encontrada, até aqui, é ao nível da divulgação do projecto. Para chegar a um maior número de pessoas teria de haver um investimento financeiro que, face às características do projecto, é inviável, pelo menos para já.

Planos para o futuro da Take?
Continuar a divulgar cinema e eventos ligados ao cinema, apoiar iniciativas e apostar num olhar particular, frontal, objectivo e independente. Tenho alguns objectivos específicos, que já vêm desde a criação da Take, mas que ainda necessitam amadurecer. Contudo, continuo a apostar na divulgação da Take, tentando fazê-la chegar ao maior número de pessoas.
Qual a sua opinião sobre a crítica cinematográfica em Portugal?
Na minha opinião há crítica para todos os públicos e público para todas as críticas. Há que compreender que a crítica não é mais que uma opinião e não uma ciência. A arte é objecto de apreciação, envolve sentimentos e cada qual irá interpretar à sua maneira.
Por outro lado, o modo como se transmite essa apreciação, o discurso, irá variar muito, ou pela idade, ou pela formação, ou pela experiência ou, ainda, pelo veículo de comunicação.
Pelo que sei e observo, tende a existir um certo distanciamento entre o crítico e o público, como se se tratasse do professor e o aluno. Aquele professor que tudo sabe e que se posiciona num patamar acima do aluno. Porém, cada vez mais, é facto que o aluno está melhor informado e tem ao seu alcance ferramentas que lhe permitem aceder ao conhecimento como nunca antes aconteceu. Ora, isto cria “atrito” nesta relação de poder.
Mas, como referi, a crítica é apenas uma opinião pessoal, naturalmente, informada. Há que saber respeitar essa opinião e não encará-la como uma verdade absoluta, alvo a atacar.
E do panorama audiovisual português em geral?
Estamos a atravessar uma boa fase ao nível da criação audiovisual, aliás, sempre houve grande potencialidade criativa no nosso país, faltavam por vezes os meios.
Hoje, com o acesso a tecnologia de qualidade a um preço cada vez mais acessível - câmaras HD por exemplo -, há maior possibilidade de criar com condições excepcionais, o que potencia, a meu ver, a vontade de produzir. Isto, associado à imensa capacidade de divulgação que existe na web, permite maior liberdade e autonomia no processo de criação e realização de projectos o que poderá dar muito bons resultados num futuro próximo.
Para concluir, acresce louvar o trabalho dos festivais de “curtas” espalhados por todo o país, que permitem uma exposição e enquadramento a todos esses trabalhos.
visite a Take em www.take.com.pt
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