David Chan Cordeiro é o líder de uma das principais empresas às quais se recorre quando se quer, no cinema português, coreografar cenas de luta e de uma fisicalidade mais complexa: a Mad Stunts. Fala-nos nesta entrevista sobre a sua actividade e o impacto da mesma no contexto cinematográfico português. É uma área mitológica feita de heróis...profissionais de que pouco conhecemos no nosso cinema. É uma oportunidade para aprender. E com o melhor!

A importância dos duplos no Cinema Português ainda é pequena, pela simples razão de que se faz pouca acção na nossa ficção. Conta-se pelos dedos de uma mão os filmes Portugueses que, num ano, requerem o nosso trabalho. A verdade é de que ainda somos considerados um luxo dispensável e uma vez que os orçamentos são limitados, evita-se escrever cenas com acção para manter os orçamentos baixos. Por isso é justo dizer de que a evolução tem sido lenta. De tal maneira que na Televisão e na Publicidade já se produz mais acção do que no Cinema.
Somos uma cinematografia frágil no que à parte física diz respeito? Os actores portugueses, em particular, estão mal preparados?
Eu não usaria a palavra frágil, mas diria que ainda somos um pouco "verdes" no que diz respeito à parte física. Ainda não saímos da nossa zona de conforto. Principalmente porque não temos uma cultura de acção na nossa ficção como noutros países. E essa lacuna reflecte-se em todos os campos, desde a realização, produção, guionismo e também no percurso dos actores. Exactamente por não existir uma procura de performers que saibam executar cenas com acção, as escolas também não sentem necessidade em incluir essa formação nos seus alunos. Por isso é comum eu deparar-me com imensos actores que têm fracas bases no desempenho de acção. E para piorar temos muito o hábito de se inventar quando não se sabe tendo quase sempre como resultado a lesão dos actores. São inúmeras as histórias de horror que oiço de actores que se lesionam por tentarem fazer os seus próprios "stunts".
Descreve-me alguns dos teus serviços mais comuns. E o mais ambicioso e ousado?
Os nossos serviços mais comuns, e sendo também a nossa especilidade, são as coreografias de luta e reacções/quedas/impactos. Esse contínua a ser hoje, e sempre foi, o "stunt" mais requisitado em Televisão e Cinema. E não acontece por acaso, pois é o "stunt" mais barato se formos comparar com cenas que envolvam carros, explosões, wire work. Dada a realidade da nossa indústria cinematográfica, que é quase sempre low buget, este é o "stunt" que mais se encaixa nos nossos orçamentos. É também o tipo de acção mais transversal em todos os géneros de cinema, pois em quase todos os filme hoje em dia se vê uma coreografia de luta, por mais pequena que seja.
Eu diria que dos stunts mais ousados que fizemos até hoje foi sem dúvida o atropelamento do primeiro episódio da telenovela "Perfeito Coração". Posso-me gabar de que naquela noite o meu duplo/colega Edgar Palhinha, esteve ao mais alto nível.
(link: http://www.youtube.com/watch?v=woTdCbCR1qc)
Uma opinião sobre o cinema português...sobre a sua qualidade, a sua relação com o público...
Sinto que no Cinema Português esqueceu-se qual o principal objectivo de se fazer filmes. E esse objectivo é de entreter as pessoas. As pessoas dirigem-se às sala de cinema para se entreterem e buscarem emoções que não têm possibilidade de encontrar nas suas vidas. Mas no que toca à ficção nacional parece que o público criou "anti-corpos" e se sente indiferente. Basta vermos os números de espectadores que os filmes Portugueses atraem às salas de cinemas e podemos concluir que o público português se identifica pouco com o nosso cinema. A questão agora é quem é que está errado? São os realizadores Portugueses que não conseguem captar a atenção dos Portugueses, ou será que o público está de tal maneira formatado para o mainstream que não se sente atraido pela ficção nacional? Em termos de qualidade acredito que estamos ao nível dos melhores, pois já trabalhei em Portugal com inúmeros profissionais que nada devem aos americanos, ou franceses. O que eu acho é de que ainda não estamos a trabalhar em equipa e sinto que cada departamento trabalha com objectivos diferentes.
E qual o filme da tua vida?
Eu tenho vários filmes que influenciaram a minha vida, mas eu diria que o filme que despoletou tudo foi o Esquadrão Ninja (Ninja Squad), pois foi o meu primeiro contacto com um filme de artes marciais e que ainda por cima tinha como protagonista os Ninjas. Ora aquilo para uma criança de 5 anos que já era fascinada por ginástica e lutas, foi uma experiência do outro mundo. Eu soube exactamente naquele momento que iria fazer disto profissão quando fosse mais velho. E como se costuma dizer, o resto é história!

Qual a importância da vossa actividade no contexto do cinema português?Como tem evoluído?
A importância dos duplos no Cinema Português ainda é pequena, pela simples razão de que se faz pouca acção na nossa ficção. Conta-se pelos dedos de uma mão os filmes Portugueses que, num ano, requerem o nosso trabalho. A verdade é de que ainda somos considerados um luxo dispensável e uma vez que os orçamentos são limitados, evita-se escrever cenas com acção para manter os orçamentos baixos. Por isso é justo dizer de que a evolução tem sido lenta. De tal maneira que na Televisão e na Publicidade já se produz mais acção do que no Cinema.
Somos uma cinematografia frágil no que à parte física diz respeito? Os actores portugueses, em particular, estão mal preparados?
Eu não usaria a palavra frágil, mas diria que ainda somos um pouco "verdes" no que diz respeito à parte física. Ainda não saímos da nossa zona de conforto. Principalmente porque não temos uma cultura de acção na nossa ficção como noutros países. E essa lacuna reflecte-se em todos os campos, desde a realização, produção, guionismo e também no percurso dos actores. Exactamente por não existir uma procura de performers que saibam executar cenas com acção, as escolas também não sentem necessidade em incluir essa formação nos seus alunos. Por isso é comum eu deparar-me com imensos actores que têm fracas bases no desempenho de acção. E para piorar temos muito o hábito de se inventar quando não se sabe tendo quase sempre como resultado a lesão dos actores. São inúmeras as histórias de horror que oiço de actores que se lesionam por tentarem fazer os seus próprios "stunts".
Descreve-me alguns dos teus serviços mais comuns. E o mais ambicioso e ousado?
Os nossos serviços mais comuns, e sendo também a nossa especilidade, são as coreografias de luta e reacções/quedas/impactos. Esse contínua a ser hoje, e sempre foi, o "stunt" mais requisitado em Televisão e Cinema. E não acontece por acaso, pois é o "stunt" mais barato se formos comparar com cenas que envolvam carros, explosões, wire work. Dada a realidade da nossa indústria cinematográfica, que é quase sempre low buget, este é o "stunt" que mais se encaixa nos nossos orçamentos. É também o tipo de acção mais transversal em todos os géneros de cinema, pois em quase todos os filme hoje em dia se vê uma coreografia de luta, por mais pequena que seja.
Eu diria que dos stunts mais ousados que fizemos até hoje foi sem dúvida o atropelamento do primeiro episódio da telenovela "Perfeito Coração". Posso-me gabar de que naquela noite o meu duplo/colega Edgar Palhinha, esteve ao mais alto nível.
(link: http://www.youtube.com/watch?v=woTdCbCR1qc)
Uma opinião sobre o cinema português...sobre a sua qualidade, a sua relação com o público...
Sinto que no Cinema Português esqueceu-se qual o principal objectivo de se fazer filmes. E esse objectivo é de entreter as pessoas. As pessoas dirigem-se às sala de cinema para se entreterem e buscarem emoções que não têm possibilidade de encontrar nas suas vidas. Mas no que toca à ficção nacional parece que o público criou "anti-corpos" e se sente indiferente. Basta vermos os números de espectadores que os filmes Portugueses atraem às salas de cinemas e podemos concluir que o público português se identifica pouco com o nosso cinema. A questão agora é quem é que está errado? São os realizadores Portugueses que não conseguem captar a atenção dos Portugueses, ou será que o público está de tal maneira formatado para o mainstream que não se sente atraido pela ficção nacional? Em termos de qualidade acredito que estamos ao nível dos melhores, pois já trabalhei em Portugal com inúmeros profissionais que nada devem aos americanos, ou franceses. O que eu acho é de que ainda não estamos a trabalhar em equipa e sinto que cada departamento trabalha com objectivos diferentes.
E qual o filme da tua vida?
Eu tenho vários filmes que influenciaram a minha vida, mas eu diria que o filme que despoletou tudo foi o Esquadrão Ninja (Ninja Squad), pois foi o meu primeiro contacto com um filme de artes marciais e que ainda por cima tinha como protagonista os Ninjas. Ora aquilo para uma criança de 5 anos que já era fascinada por ginástica e lutas, foi uma experiência do outro mundo. Eu soube exactamente naquele momento que iria fazer disto profissão quando fosse mais velho. E como se costuma dizer, o resto é história!
Comentários