
Gosto muito do Sidney Lumet. Na sua obra encontro alguns dos meus filmes preferidos: "12 Angry Men", "Veridict" e este excelente e assustadoramente profético "Network".
É um filme de lindos e inusitados diálogos e monólogos, todos eles trabalhados e esculpidos no ritmo e musicalidade. É um filme de escrita virtuosa, pouco dado a economia de palavras. O que nalguns filmes seria sinal de falta de recursos visuais é, na vertigem de "Network", a base da sua dimensão. A trama essa é de uma ironia e mestria inesquecíveis.
Um recém-despedido repórter televisivo em esgotamento emocional liberta, em directo, a sua frustração acumulada numa tirada anti-capitalista que desconstrói o jugo corporativo ao qual a sua própria estação se rendeu. O que seria uma calamidade transforma-se num fenómeno de audiências explorado pela própria. É vendida a personagem do profeta louco numa corrida louca aos shares de consequências imprevisíveis...
O alcance e olhar aguçado sobre o tão actual e sensível tema da concentração de capital nos media era em 1976 qualquer coisa de espectacular e é sem dúvida um dos filmes aos quais retorno com renovado gozo, tal é a sua dinâmica e finíssimo sentido de humor.
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