Jude Quin (a soberba Cate Blanchet) diz a certa altura que “as pessoas que distinguem o bem do mal estão, geralmente presas em cenas”. É esta a premissa dramática do filme na minha opinião. Só as ideias resistem ao desgaste da natureza e estas são, contudo, incomunicáveis...não são dramatizáveis. A canção de intervenção perde assim o seu propósito. Não mobiliza nem move vontades. As pessoas estão numa luta constante contra prescrições de vida acabando por cair contraditoriamente num “certain way of life”. Assim a viagem (vida) perde o seu móbil de auto-descoberta. “De manhã à noite sou diferentes pessoas” – like a rolling stone. A vida e a sinuosa, mas não incoerente, carreira musical de Dylan são, por este motivo, o pretexto ideal para um mosaico de alter-egos que não chega a ser concreto mas que preserva camadas de interpretação e de poesia estética. O filme é puro deleite visual. As camadas de abstracção reflectem-se na alterações de fotografia e na montagem alternada que torna difí...
Blog de Cinema do Realizador João Gomes