A minha banda preferida está de regresso com o single que dá nome ao álbum: Reflektor. Para mim é de uma solidão histórica que me parece falar a música. Um músico cria hoje em dia com uma aguda auto-consciência histórica que a melomania à distância de um clique permite. Todos querem validar o seu papel e singularidade nessa continuidade histórica que tão bem conhecem e amam. Por isso fazem-no cada vez mais num clima de vertigem da novidade. Exaltamos esfomeadamente qualquer prenúncio de autenticidade. Procuramos constantemente um messias, um game changer . Alguém que habite com voz própria o presente vislumbrando-o de fora, pairando sobre a história e o passado - um mundo espectral de reflexos e fragmentos. Em Reflektor a brevíssima participação David Bowie é a assunção irónica de um pai artístico, da influência maior da banda. Um arquétipo a que a letra empresta o papel de falso redentor. Ele é a presença da avant garde que com o tempo se canonizou e que desde en
Blog de Cinema do Realizador João Gomes