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O Tenente sem Lei em New Orleans - para quê?


Fui ver o "Bad Lieutenant - Port of Call: New Orleans" do Werner Herzog. Grande desilusão!


O filme original de Abel Ferrara, no qual este se baseou, mostrava os últimos dias de um Harvey Keitel consumido de culpa e irreversivelmente afastado de si mesmo, em espiral imparável. Já Herzog mostra um Nicolas Cage entregue à droga como fuga às suas dores de costas. A ferida de Keitel é na alma...um desassossego indizível e muito mais poderoso assim como a abordagem frenética e maneirista do primeiro fica a anos luz da negra asfixia existencial do segundo.

A sucessão improvável de eventos e coincidências catastróficas parecem conduzi-lo para um fim previsível, mas uma cascata de felizes incidências o redimem para o que se percebe ser um universo narrativo alternativo. Mas nem o tom de fantasia nem o de realidade convencem neste filme. Também uma série de personagens secundárias mal exploradas como o pai e sua companheira, a sua convencional relação de identificação e perdição com uma prostituta (Eva Mendes) retiram qualquer oportunidade de grandeza ao filme.

Num remake ou numa qualquer história recontada, os ajustes e nuances introduzidos deveriam, supostamente, trazer um novo prisma, novas interrogações morais e variáveis dramáticas. As mais valias desta versão passaram-me ao lado. A crua (e por isso poderosa) história de auto-destruição de Ferrara foi aqui substituida por complicações que nada acrescentam. O filme tem trama a mais! Mas o que, de facto, mais permanceu injustificado foi a relevância dramática do cenário New Orleans Pós-Kathrina.


(já agora, para quê tão enorme actor como Michael Shannon para o tão irrelevante papel de Mundt)

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