Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2010

O Tenente sem Lei em New Orleans - para quê?

Fui ver o "Bad Lieutenant - Port of Call: New Orleans" do Werner Herzog. Grande desilusão! O filme original de Abel Ferrara, no qual este se baseou, mostrava os últimos dias de um Harvey Keitel consumido de culpa e irreversivelmente afastado de si mesmo, em espiral imparável. Já Herzog mostra um Nicolas Cage entregue à droga como fuga às suas dores de costas. A ferida de Keitel é na alma...um desassossego indizível e muito mais poderoso assim como a abordagem frenética e maneirista do primeiro fica a anos luz da negra asfixia existencial do segundo. A sucessão improvável de eventos e coincidências catastróficas parecem conduzi-lo para um fim previsível, mas uma cascata de felizes incidências o redimem para o que se percebe ser um universo narrativo alternativo. Mas nem o tom de fantasia nem o de realidade convencem neste filme. Também uma série de personagens secundárias mal exploradas como o pai e sua companheira, a sua convencional relação de identificação e perdição com

Fantasia Lusitana

Fantasia Lusitana traz-nos o choque entre dois elementos: a solenidade condescendente e eucarística da propaganda fascista e os relatos contrastantes de olhares exteriores. A alegria excepcional da Lisboa neutral da II Guerra que o regime vende e sensação de falsificação que transmitia a alguns dos seus visitantes. Esses olhares, as únicas vozes dissonantes do tom geral de elogio, são especialmente pertinentes pela mentes intelectualmente despertas e críticas que os escreveram: Erika Mann, filha de Thomas Mann; o expressionista Alfred Doblin (com locução bem significativa de Hanna Schygulla – actriz de “Berlin Alexanderplatz”, adaptação televisiva de Fassbinder do romance do escritor); e Saint Exupery. O efeito humorístico de Fantasia Lusitana começa logo no genérico “visado” de João Canijo. Mas o seu tom caricatural não é manipulado. Brota directamente da tal máquina laudatória sem limites à desonestidade intelectual que moldava opiniões naquele período. Para este efeito concorre mu