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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Questões Suspensas nº 2 - The Wire - O Cânone e o Mercado - Parte III

Entre Bush e Obama! O que tem The Wire de tão Especial Dizem ser a série preferida de Barack Obama, o que só diz bem da sua natureza. Se Bush tinha alguma preferência não deveria andar longe do “Walker, o Ranger do Texas” (para baixo). Este facto podendo parecer fait diver é, para mim, quase uma confirmação – se dúvidas existissem sobre o enorme upgrade de carácter e riqueza de olhar injectados na Casa Branca…do palhaço para quem tudo é preto ou branco ao homem que tem profundo conhecimento dos cinzentos e respectivas gradações. O enfoque da série é estrutural. Tenta mostrar como as instituições constrangem comportamentos pessoais mas também como certas opções individuais podem alterar jogos de poder. Tudo muito orgânico e intrincado. Mapeiam-se redes interpessoais com uma minúcia impressionante. Vemos um enorme e brutalmente realista sistema de vasos comunicantes e ficamos banzados com o arbítrio das circunstâncias que, na realidade, ditam as nossas vidas. É uma série chata! Indigest

Questões Suspensas nº 2 - The Wire - O Cânone e o Mercado - Parte II

Dar às Pessoas o que Elas Querem Dar às pessoas o que elas querem é um falso argumento. É o que se ouve em Portugal a torto e a direito para justificar a esterilidade da produção televisiva nacional. Ouvi, por exemplo, José Eduardo Moniz a descrever o TVI Jornal como um espaço de e para o povo, que veste os jeans, arregaça as mangas e vai à cata do autêntico e português que é o que as pessoas querem num telejornal (se não era isto era uma baboseira semelhante)... A bitola e a exigência é um processo dinâmico e dialéctico. O oferta (está estudado) induz a procura. Não é a fatalidade de subdesenvolvimento cultural e estreiteza do mercado que dita a imbecilidade de quase tudo o que se produz na televisão portuguesa. A Hbo vem prová-lo e é esse o seu legado. Demarcou-se, definiu a sua singularidade e é hoje uma enorme e global marca que, apesar de ter conteúdos muito desiguais no que à qualidade diz respeito, goza ainda, uma década pós-Sopranos, de uma conotação revolucionária. É esse perf

Questões Suspensas nº 2 - The Wire: O Cânone e o Mercado - Parte I

São quatro da madrugada numa sexta-feira. Acabei de ver o último episódio da 3ª temporada da série The Wire (A Escuta). Foi uma absoluta vertigem! A primeira série foi brilhante. Mas só agora passado um ano resolvi comprar as 2ª e 3ª séries. E assim se escreveu uma das páginas mais marcantes do meu percurso enquanto espectador. Sendo o cinema e a televisão (da boa) uma dos minhas principais janelas para o mundo, sinto que o meu olhar se refinou com a experiência. Vou ter em muitas situações futuras algo do The Wire no meu arquivo pessoal, ao qual vou, de forma consciente ou não, recorrer. Os que paparam febrilmente e de enfiada as 5 séries poderão pensar "descobriu a pólvora o bacano!". Quem sou eu para discordar. Ver a série deu-me vontade de pesquisar sobre as condições do mercado televisivo americano que permitiram que uma série tão brilhante quanto indigesta tenha visto a luz do dia. Fazendo-o talvez possa tocar também tocar nas fragilidades do nosso meio televisivo. Prem