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A mostrar mensagens de junho, 2009

Convidado de Honra nº4 - Susana Romana e a Escrita de Humor

Susana Romana é autora associada das Produções Fictícias desde 2005. Entre os vários projectos que escreveu para televisão, teatro, imprensa, rádio, suportes multimédia e eventos, destacava o “Inimigo Público” (suplemento satírico do jornal Público), “À Procura do FIM” (espectáculo musical para crianças em cena no Tivoli), “Marcação Cerrada” (crónica humorística do jornal “A Bola”), “Portugalex” (rubrica de humor da Antena 1) e a série “Liberdade 21” (RTP). Esclarece-nos, com respostas muito interessantes e reveladoras, alguns aspectos e curiosidades sobre a escrita de humor: São necessários certos traços de personalidade para escrever humor? Mais do que outra coisa qualquer, eu diria que é necessário ser-se muito observador. Chegar mesmo ao ponto de ser chato e comichoso, de reparar nos detalhezinhos e tiques e manias todos. É isso que proporciona, por exemplo, ser capaz de ter uma abordagem fresca perante um tema da actualidade ou criar reconhecimento quando se está a fazer uma piad

A Zona

A Zona é um filme de instinto mas é igualmente um rigoroso exercício de acuidade visual. É onírico mas sensorial e táctil. Os pormenores captados: mãos; olhos; rugas; barba, são mais do que fisionómicos: de tão macro tornam-se abstractos. A Zona pareceu-me evocar Cronenberg e a sua relação obsessiva com o corpo na sua dimensão plástica, perene e mutável. O seu realizador Sandro Aguilar, contudo, diz ter em David Lynch umas das suas principais referências. Só que se Lynch subverte a narrativa para lá do lógico (o Inland Empire já foi, para mim, para lá dos limites do suportável), neste filme a narrativa é secundária...ou pairamos sobre ela à procura de algo intangível. É de facto um convite arrojado este feito para a Zona. Poderá instigar intriga ou desprezo; análise ou sonolência. Não existe com este filme a possibilidade de um “não gostei nem desgostei” ou o conforto de uma morna experiência domingueira. É esse o seu mérito, a sua radicalidade e inovação. É um filme cinzento e frio.

Alguns dos Filmes da Minha Vida - nº2 - Lulu on the Bridge

Sou um fã de Paul Auster. Como escritor e como realizador. Falando deste filme Auster citou o famoso dramaturgo e encenador Peter Brook: "I try to combine the closeness of the everyday with the distance of myth. Because, without the closeness you can’t be moved, and without the distance you can’t be amazed.“ Nenhuma citação poderia descrever tão bem o que este filme tem de belo e profundo. Lulu on the Bridge fala, em jeito de fábula, dos travões emocionais que connosco transportamos e do desejo que deles temos em libertar-nos. Nessa busca um homem mitifica, projecta desejos - neste caso numa mulher. Percebemos com este filme que libertação e o auto-conhecimento estão na entrega (a outra pessoa e riscos que acarreta). Sair do eu atormentado é tarefa difícil. Há algo de ambiguamente confortável na resignação, uma camada de falsos equilíbrios que aparentemente amacia o nosso quotidiano. É uma mística pedra que Izzi encontra (elemento central do filme) que parece abrir um portal par