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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2009

João Salaviza fala sobre "Arena" - a badalada curta que venceu Cannes!

"Cinema português não deve reproduzir realidades que não as nossas. Filmar à americana é um fiasco." São afirmações que ganharam ecos de legitimidade com a surpreendente vitória de João Salaviza na competição de curtas em Cannes. O jovem realizador fala ao programa Fotograma sobre as suas opções e atitude em relação ao cinema, muito antes de sonhar possivel tal proeza em terras de França.

Democratização do Cinema

A generalização da Alta Definição e as possibilidades de divulgação via net parecem querer levar o cinema por caminhos ainda pouco previsíveis. Mas já os arautos da tragédia agitam com a morte da cinefilia. Alegam que qualquer iletrado com uma handycam aspira hoje ao estatuto de criador. Também Chaplin dizia que com a morte do mudo o cinema perdia a sua expressão mais nobre: a pantomínia. Bom...quanto a isto...é ver o "Luzes da Ribalta"! O fantástico vídeo que se segue, de Jason van Genderen, foi inteiramente gravado num telemóvel e ganhou o maior festival de curtas do mundo: o australiano Tropfest. (http://www.tropfest.com/home). 3 minutos e meio de puro deleite!

Histórias de Cabaret (Go Go Tales) - O Desconforto de Ferrara

Neste filme a mistura de tom é particularmente saborosa. Há uma espécie de choque entre a avidez e a rudeza do ambiente e da míngua que parece ter chegado para ficar ao Andys Paradise (Abel Ferrara dá sempre um enquadramento musical urbano e perturbador aos seus filmes) e a deriva vaudeville burlesca em que se converte o filme no seu último acto. Essa transição é excelente como excelentes são as bailarinas e todo o cast. William Dafoe não nos transmite gravidade mas a excentricidade natural da sua figura presta-se lindamente ao tal burlesco contexto. Vai-se vislumbrando inocência nas personagens, apresentadas como duronas e abrutalhadas. Essa dualidade: das personagens; do cabaret; da luxúria vs. inspiração, é credível. As mudanças de tom são um mecanismo movediço, que induz perturbação, a ser empregue com parcimónia e tacto. Abel Ferrara fá-lo sempre bem. Conhece profundamente as convenções dos géneros e nelas se move com uma independência muito vincada e estilo próprio. É sempre ele

Questões Suspensas - nº1 - Os Limites do Humor

Quero com esta rubrica lançar perguntas mais do que as responder. Relativizar mais do que fixar fronteiras teóricas. O que tem piada? Eis a primeira pergunta! O sentido do que é humor é e será sempre determinado pelas nossas próprias fronteiras morais para as quais concorrem uma grande nuvem de factores. Não será nunca uma questão resolúvel determinar os seus limites. A fronteira do bom e do mau gosto; do subtil e do gratuito. São conhecidos e estudados os mecanismos do riso: as suas determinantes não têm uma raiz exclusiva: psicológica; social ou cultural. Descrevendo a minha reacção ao seguinte bit de Ricky Gervais (um dos maiores cultos televisivos da minha vida)sobre a Lista de Schindler acabo por explicar um pouco da confusão de espontaneidades e espartilhos que nos fazem rir ou não rir: O meu primeiro instinto foi rir. Um reflexo, uma espécie de regressão a um certo prazer infantil e sádico. Esse riso foi depois cortado por uma sensação de desconforto e culpa. Comecei com um riso

Alguns dos Filmes da Minha Vida - nº1 - Sideways

Os filmes que apresentar aqui não estão por ordem de preferência. Porque, na realidade, não a consigo determinar. Há muitos filmes que admiro e aos quais volto periodicamente. Todos eles têm camadas de encanto. Como se ao revisitá-los conseguisse encontrar novos detalhes: clandestinos e sorrateiros. Adoro esta comédia. Sideways! Tem uma propriedade que muito prezo nalguns filmes: nada de demasiado marcante acontece. Prova que nem sempre é necessário puxar a tónica do conflito e da crise para que os personagens se revelem e acrescentar densidade dramática. O tom do filme é suave do princípio ao fim sem que isso signifique menor compreensão das personagens e dos seus manifestos ou latentes conflitos interiores. Neste filme existe uma cena fantástica à qual gosto também de voltar! Um diálogo cheio de momentos e mudanças emocionais. Miles (Giamatti) é uma personagem trémula profundamente mergulhada no seu lado obscuro e Maya (Madsen)alguém delicada com cicatrizes profundas de uma anterior