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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2009

Maradona – Diego o Punk!?

Um documentário é sempre uma leitura emocional e pessoal de um determinado universo e as suas fronteiras são sempre relativas e pessoalmente construídas. Mas pede-se-lhe que seja fecundo no seu olhar para que seja consequente. A caricatural e cansativa incursão que o filme faz pelo culto da igreja Maradoniana casa bem com o tom geral do filme: todo ele é idólatra. Paira sobre o seu objecto de fascínio ao seu sabor, como se suas palavras fossem divinas, sem contraditório nem polémica. O deleite pueril com que documenta o seu ídolo faz também com que o eixo condutor seja cronológica e tematicamente altamente confuso. É com a leitura marxista da nobreza aristocrática dos pobres (na Argentina como nos Balcãs) que Emir se funde com a Diego O Insurrecto: “personagem” criada para este filme: Maradona o defensor da auto-determinação latino-americana (imagine-se!). Ambos excêntricos; dionisíacos (como referiu em Cannes); ambos ricos de espírito. Mas, na realidade, é fastidioso ouvir o festival

O Wrestler - realidade sem sumo

De vez em quando aparece um filme assim, que nos deixa abananados! Aconteceu-me ontem! Fui ver O Wrestler. Há raros e mágicos momentos em que o cinema e a vida se fundem. Neste caso a afinidade emocional entre o protagonista e Mickey Rourke é mágica. Faz um filme(já excelente) transcender-se. É um papel emocionante e corajoso o dele. De alguém que supera uma fase obscura da vida e decide culminar sua catarse à frente de todos. Mostra a sua cara o seu corpo desgastado. Mostra as suas fraquezas pessoais, assume os seus erros. Está bem presente no filme o choque entre os dois papeis sociais do seu protagonista. Quando a sua vida íntima e familiar fracassa, refugia-se na persona wrestler Randy the Ram (no filme recusa frequentemente que o tratem pelo seu nome civil). De resto, também a brutalidade das cenas de lutas colide com as expressões de carinho e respeito que merece dos seus colegas de profissão - a única constante afectiva da sua vida. Como se a realidade não tivesse sumo que cheg

Blogosfera Cinéfila nº 2 - Paixões e Desejos

A segunda sugestão blogista do Gimmicky é o Paixões e Desejos (http://paixoesedesejos.blogspot.com). Este blog traz-nos um universo mais amplo de recensão artística. A sua excelente frase de apresentação dá o mote: UM DESEJO CHAMADO CINEMA: A MEMÓRIA DA 7ª ARTE REVISTA ATRAVÉS DOS FILMES. OS CINEASTAS, OS ACTORES E AS CINEMATOGRAFIAS.MAS TAMBÉM OS LIVROS E A MÚSICA PASSAM A MORAR NESTA CASA CHAMADA PAIXÕES E DESEJOS, PORQUE SÃO ELES OS MELHORES AMIGOS DO NOSSO PEQUENO UNIVERSO. Existe há três anos e neste período conseguiu reunir uma enorme diversidade de análises de obras e cineastas tão variados como De Palma, Mizoguchi; Lean; Chabrol; Chaplin; Hawks; Tati...uma lista enorme de notáveis! Os seus autores dão-nos reflexões aprofundadas e enriquecedoras sobre cada um deles. Deixo-vos um exemplo de um texto onde os autores introduzem de forma muito contextualizadora a obra de Howard Hawks "Hatari", pondo-a na linha de outras "odes a África" que colegas clássicos como

Música Narrativa - nº2 - Stewart Copeland e Rumble Fish

Cumprindo a sua longa tradição de envolvimento familiar Francis Ford Copolla pediu ao seu filho que lhe recomendasse um artista rock da sua preferência para fazer a banda sonora de Rumble Fish (Juventude Irrequieta, de 1983). O escolhido foi Stewart Copeland, baterista dos Police. Francis queria dar um tom de urgência e claustrofobia ao filme. Queria percursões soltas, tic tac's de relógios...queria vertigem! A mesma que constrange os seus protagonistas Rusty James (Matt Dilon) e Motorcycle Boy (Mickey Rourke). Copeland, rookie nestas andanças, acertou em cheio! O filme é excelente: abstracto e poético! Mas não seria o mesmo sem a sua banda sonora. Mérito para o artista e para o visionário Copolla e seu fantástico golpe de asa. O tema principal é este quasi experimental "Don't Box me In".

Convidado de Honra nº2 - O Panorama do Guionismo e Cinema em Portugal - João Nunes, presidente da APAD

Entrevistei o guionista e actual Presidente da Associação Portuguesa de Argumentistas Portugueses, João Nunes. Falamos do guionismo e cinema portugueses, dos seus (pequenos) sucessos e limitações. Trata-se de um testemunho importante e muito franco de alguém com uma vasta experiência e conhecimento do meio (guionista desde 1998). Como vai o guionismo em Portugal no que à sua evolução técnica diz respeito? Acho que tem vindo a melhorar muito consideravelmente, essencialmente por três razões: em primeiro lugar, porque começa a haver um grupo considerável de profissionais que vivem exclusivamente desse trabalho, sendo pagos (embora não muito bem) para escrever. Isso inevitavelmente conduz a um apuramento técnico. A segunda explicação, quanto a mim, está relacionada com a primeira, e tem a ver com o reconhecimento da importância desse trabalho. Escrever o argumento já não é só uma coisa que os realizadores vão fazendo quando não estão a trabalhar. Cada vez mais os produtores reconhecem a i