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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2008

I'm Not There - Todd Haynes - Soberbo!!

Jude Quin (a soberba Cate Blanchet) diz a certa altura que “as pessoas que distinguem o bem do mal estão, geralmente presas em cenas”. É esta a premissa dramática do filme na minha opinião. Só as ideias resistem ao desgaste da natureza e estas são, contudo, incomunicáveis...não são dramatizáveis. A canção de intervenção perde assim o seu propósito. Não mobiliza nem move vontades. As pessoas estão numa luta constante contra prescrições de vida acabando por cair contraditoriamente num “certain way of life”. Assim a viagem (vida) perde o seu móbil de auto-descoberta. “De manhã à noite sou diferentes pessoas” – like a rolling stone. A vida e a sinuosa, mas não incoerente, carreira musical de Dylan são, por este motivo, o pretexto ideal para um mosaico de alter-egos que não chega a ser concreto mas que preserva camadas de interpretação e de poesia estética. O filme é puro deleite visual. As camadas de abstracção reflectem-se na alterações de fotografia e na montagem alternada que torna difí

Cohen falam sobre No Country for Old Men

Os dois Senhores falam sobre a estrutura da história, suas personagens e opções de realização, em particular das escolhas no processo de adaptação do romance de Corman Mccarthy. Podem fazer o download do guião completo desta obra-prima em http://www.miramaxhighlights.com/pdfs/No%20Country%20for%20Old%20Men.pdf

The Lovebirds até Domingo!

O filme The Lovebirds estreou esta semana nos cinemas El Corte Inglês e Alvalaxia. Trata-se de uma micro-produção realizada por Bruno Almeida e que contou, na sua construção, com a carolice de muitos: actores (entre os quais os habituais Sopranos Michael Imperioli e John Ventimiglia) e produtoras. É, portanto, um raro projecto de convicção pessoal com todos os riscos comerciais que tal acarreta. Contudo, se não tiver contabilizado 1500 espectadores até o próximo domingo será imediatamente retirado de cartaz! Cito e partilho o apelo do realizador: "sim...é assim tão frio! São os tempos que vivemos...as leis do mercado.(...) se conseguirmos uma segunda semana o boca-a-boca já se espalha e o filme terá hipóteses de existir num mercado onde quase tudo são filmes de Hollywood. Apoiem o nosso cinema. Espalhem a notícia, digam aos amigos, levem a família. Conto convosco!"

Irmãos, Mentiras e Mentiras

Brotherhood (ou A Irmandade) retrata o limbo pernicioso em que vive uma família num bairro étnico irlandês nos arredores de Rhode Island – The Hill. No centro da trama está a relação amor-ódio entre dois irmãos em lados opostos da lei mas unidos, sobretudo, pelas obrigações familiares. Que é como quem diz por uma mãe controladora com quem já tive pesadelos (podia ser minha sogra, não brinquem). A profundidade das personagens é tal que é frequente sentirmos que as acções do ganster Michael são mais próximas da justiça do que as do político de vão de escada Tommy. O espectador não é aliás, o único a ser arrebatado pela compaixão pelo ganster. Rose tem uma preferência visceral (aliás, tudo nela é visceral) pelo filho mais velho. Também o policia e amigo Declan vive dilacerado entre o charme da fidelidade ao ganster e as suas obrigações profissionais. Michael vende droga, extorque dinheiro, corta orelhas mas dentro de um quadro de honra e de fidelidade que não se verifica na City Hall onde

The Wire ou Sopranos

Pode ser académica a questão "qual das duas a melhor?". Na minha opinião são, de facto, duas das melhores séries jamais televisionadas. Mas do debate poderão sempre sair reflexões interessantes. Ambas surgem na onda de excentricidade e quebra de convenções narrativas cujo principal agente promotor foi a HBO: Nos Sopranos a reprodução estereotipada da mitologia mafiosa italo-americana colide com uma "paisagem" desencantada e pós-moderna. Os super-batidos maneirismos dos mafiosos parecem não casar bem com a profunda análise psico-social a que são sujeitos ao longo da série. No The Wire é-nos negado qualquer tipo de glamour usualmente associado à séries policiais. Os polícias vêm-se confrontados com orçamentos limitados, entraves burocráticos e um quotidiano arrastado assim como os dealers que têm equipas de distribuição altamente heterogéneas e vulneráveis. Na minha opinião têm ambições diferentes. Se no the Wire é exaustivo e altamente profundo o conhecimento que

Benvindos!

Acabei de criar este Blog. Nele quero falar de tudo o que possa, directa ou remotamente, ter a ver com Cinema e Guionismo. Novidades para Breve JGomes